Simpósio de Web Indígena na USP avaliou o uso da internet em comunidades indígenas no Brasil

30 Novembro 2010

 

No último dia 26 de novembro, ocorreu, na Cidade Universitária da Universidade de São Paulo, o encerramento do I Simpósio Indígena sobre Usos de Internet nas Comunidades Indígenas do Brasil, promovido pelo Núcleo deHistória Indígena e do Indigenismo USP, em parceria com o Laboratório daImagem e Som em Antropologia da USP com o apoio da Rede de Cooperação Alternativa – RCA Brasil, da Pró-Reitoria de Cultura e Extensão da USP, da CAPES e da FAPESP.

Durante três dias, em plenárias que mesclaram apresentações de experiências de uso da internet com discussões entre os participantes, representantes de 16 povos indígenas discutiram os diferentes usos que têm feito da internet em suas comunidades. Nos debates, identificaram vários problemas comuns, a começar pelo número reduzido de comunidades indígenas que têm acesso a rede mundial de  computadores. Equipamentos defasados, conexões lentas e intermitentes, falta de assistência técnica e dificuldade de acesso a programas de computadores foram algumas das dificuldades mapeadas pelo grupo.

Ampliar o contato e a troca entre as comunidades indígenas, garantir que mais comunidades indígenas tenham acesso à internet, exigir do governo maior apoio às demandas indígenas por conexão e melhoria das instalações nas aldeias e a criação de uma rede das Redes, enquanto um espaço que aglutinaria todas as redes, sites e blogs indígenas hoje existentes, para melhorar o diálogo entre os povos indígenas, fortalecer a cultura e ser um espaço de cobrança de direitos são as principais propostas formuladas durante o simpósio. Ao término deste, os participantes elaboraram um documento, que é reproduzido a seguir.

 

Ata do I Simpósio Indígena sobre Usos de Internet nas Comunidades Indígenas do Brasil

 

As lideranças e indígenas, reunidas no I Simpósio Indígena sobre Usos de Internet nas Comunidades Indígenas do Brasil durante os dias 22 a 26 de Novembro de 2010, na sala da antiga biblioteca do Prédio de História e Geografia da FFLCH na USP (Universidade de São Paulo) em São Paulo-SP, após amplos debates chegaram às conclusões que seguem sobre o uso da Internet nas Comunidades Indígenas:

As dificuldades existentes:

– Dificuldade de Conexão:  a antena Gesac que hoje se encontram nas Aldeias Indígenas não tem suprido a necessidade de conexão nas aldeias, tendo inclusive falhado constantemente em algumas Comunidades. São poucos os pontos de conexão nas aldeias Indígenas. A velocidade disponibilizada não permite downloads, upload; Muitas Aldeias onde foi prometida a instalação de conexão ainda não foi instalada.

– Falta de equipamentos: os equipamentos que chegam às aldeias são muitas vezes velhos sem funcionar, os programas não são de fácil uso, equipamentos e software ultrapassados; é preciso tornar mais simples (desburocratizar) o processo aquisição de Kits de Infocentros.

– Falta de manutenção: é necessário a formação de uma equipe indígena  para manutenção dos computadores nas Comunidades Indigenas;

– falta de formação de equipe técnica nos pontos de acesso (equipe de multiplicadores): é necessário formação de indígenas multiplicadores do uso das máquinas.

– falta de comunicação entre os indígenas que usam a internet

Encaminhamentos:

Diante de tudo que foi levantado e discutido pelos parentes presentes, ficou acordado a criação de uma Rede das Redes, um espaço que aglutinaria todas as redes, sites e blogs indígenas hoje existentes, para melhorar o diálogo entre os povos indígenas, fortalecer a cultura e ser um espaço de cobrança de nossos direitos.

Ficou claro que é urgente que mais aldeias sejam conectadas uma vez que é uma necessidade para uma maior comunicação com o mundo externo às aldeias e entre nós mesmos. A internet nas  aldeias é uma ferramenta para buscar melhorias para as Comunidades Indígenas, daí a URGÊNCIA em solucionar os vários problemas que existem nas Aldeias como a conexão (muito lenta isso quando funciona), a falta de Computadores (muitos estão ultrapassados e sucateados) e demais questões acima citadas.

É necessário que tenham mais encontros como estes pois é de suma importância discutir o tema da Internet nas aldeias, melhorias das condições do uso desta internet e o fortalecimento das Rede das Redes que chamados Rede Digital Cultura Indígena.

Por fim ficou a cargo da Rede Índios on Line e Web Brasil Indígena nas pessoas de Graciela Guarani, Alex Pankararu, Potyra Tê Tupinambá e Anapuáka Tupinambá Hãhãhãe dar o suporte para os povos que ainda não tenham seus sites e blogs e também na criação do espaço virtual das Rede Digital Cultura Indígena.

São Paulo, 26 de novembro de 2010

  1. Alex Pankararu [Pankararu]
  2. Almir Narayamoga Suruí [Suruí]
  3. Anapuáká Muniz Tupinambá Hã-hã-hãe [Tupinambá Hã-hã-hãe]
  4. Ataíde Vilharve [Guarani Mbya]
  5. Chicoepab Suruí [Suruí]
  6. Daniel Baniwa [Baniwa]
  7. Devanildo Ramires [Guarani Kayowá]
  8. Edivan dos Santos Guajajara [Guajajara]
  9. Elivelton de Souza [Guarani Kayowá]
  10. Elizeu Nascimento Pedrosa [Piratapuia]
  11. Graciela Guarani [Guarani Kayowá]
  12. Járdilla Simões Jerônimo [Tapeba]
  13. Jean Hundu Arara Jaminawa [Jaminawa]
  14. Jonesvan Xakriabá [Xakriabá]
  15. Josinei Aniká dos Santos [Karipuna]
  16. Karané Txicão [Ikpeng]
  17. Kumaré Txicão [Ikpeng]
  18. Lucas Benite Xunu-Miri [Guarani Mbya]
  19. Maurício Yekuana [Yekuana]
  20. Nélida Rete Venega [Guarani Mbya]
  21. Paulo Gomes Guajajara [Guajajara]
  22. Potyra Tê Tupinambá [Tupinambá]
  23. Raimundo Benjamim Baniwa [Baniwa]
  24. Takumã Kuikuro [Kuikuro]

Fonte: RCA: http://rcabrasil.blogspot.com/

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